sexta-feira, 12 de agosto de 2011

LEMBRA-TE


Lembra-te do vento que passa
sem ser furacão
do insecto levando a fecundação
a uma flor distante

Lembra-te da guerra
sem maldição
sem armas
sem mortos
num beijo dado ao teu irmão

mas

revolta-te

antes dos abutres descerem e afugentarem a tua verdade


Lembra-te de negar o teu corpo
ao sacrifício dos deuses
e
oferece a tua carne
à carícia dos infelizes
que não sejam canibais

Lembra-te de um dia
que não existiu porque era belo
e que a eternidade habita debaixo da terra

e que as crianças são barro por moldar

sem máscaras na cara
nem pedras no peito

Lembra-te

de dizer o nome de um homem
não o de um deus

de manhã ao despertares

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